Explosivo – : Cardeais da Cúria que elegeram Francisco querem convencê-lo a renunciar.
Estamos à beira do abismo. E há quem pense (depois de o terem eleito) em substituir o Papa demolidor. Eis aqui com qual cardeal!
Por Antonio Socci, Libero, 28 de fevereiro de 2017 | Tradução: FratresInUnum.com: Dias atrás, o Der Spiegel reportava as palavras do Papa Bergoglio a alguns de seus fidelíssimos assessores: “É possível que eu entre para a história como aquele que dividiu a Igreja Católica“. E é por isso que seu amigo Eugenio Scalfari o considera como o maior “revolucionário”.
Há algum tempo, uma capa da revista Newsweek se perguntava se o Papa é católico ( “É o papa católico?”). E uma outra do Spectator o
representava sentado em uma bola de demolição sob o título “Papa vs.
Igreja” (o Papa contra a Igreja). Ambas retratavam um sentimento
generalizado.
Com
efeito, há exatos quatro anos desde a “renúncia” de Bento XVI e da
erupção de Bergoglio, a situação da Igreja Católica havia se tornado
explosiva, talvez estivesse mesmo no limite de um cisma mais
catastrófico do que aquele da época de Lutero (que hoje está reabilitado
na igreja bergogliana).
Picaretadas
A confusão é enorme porque ocorrem picaretadas até da parte de seus assessores mais próximos.
Nos
últimos dias, até o novo Superior Geral dos Jesuítas (escolhido a dedo
pelo próprio Bergoglio) causou incômodo pelo que disse sobre o Evangelho
e sobre Jesus. Assim como o novo presidente da Academia Pontifícia para
a Vida, nomeado pelo mesmo Bergoglio, que fez uma exaltação
incondicional de Marco Pannella chegando a dizer: “Espero que o espírito
de Marco nos ajude a viver na mesma direção”.
Na
Igreja, está acontecendo de tudo. Os expoentes máximos da ideologia
laicista sobre a vida estão sendo convidados com todas as honras para um
simpósio no Vaticano, os cardeais que estão pedindo ao Papa para
esclarecer ou corrigir os pontos errôneos da Amoris Laetitia
são mal tratados. Além disso, estão para instituir as “mulheres
diaconisas”, podendo mesmo chegar ao ponto de meterem a mão na liturgia
para cunharem uma “missa ecumênica” com os protestantes, o que viria a
marcar um ponto de não retorno.
Dias
atrás, uma “bispa” protestante do Norte da Europa – com a intenção de
fazer-lhe um elogio – declarou que Bergoglio se parece cada vez mais com
um criptoprotestante (“verklappter protestant”).
Muitos fiéis Católicos temem que seja verdade. Por
causa disso, grande parte dos cardeais que votaram nele estão
profundamente preocupados e o partido curial que organizou a sua eleição
e que o apoiou até agora, sem jamais dissociar-se, está cultivando a
ideia (na minha opinião irrealista) de uma “persuasão moral” para
convencê-lo a se aposentar. Eles já teriam inclusive o nome do homem que deverá substituí-lo para “consertar” a Igreja fragmentada.
Mas,
para entender melhor o que está acontecendo, é preciso fazer uma
reconstrução de como a Igreja veio parar nessa situação, talvez a mais
grave dos seus 2000 anos de história.
Império Americano
É
necessário partirmos do contexto geopolítico dos anos noventa, quando
os Estados Unidos, considerando-se como a única potência mundial
importante ainda remanescente, começou a conceber o projeto de um mundo
unipolar “para um Novo Século Americano”. Fukujama anunciou o “fim da
história”, isto é, como um planeta totalmente americanizado. Uma
loucura, mas a última utopia ideológica do século XX.
A
suposição era que – varrida do bloco soviético – a Rússia democrática,
prostrada e humilhada pela americanização selvagem sob o regime de
Yeltsin, não poderia jamais se recuperar, restando apenas como uma
província atrasada do antigo império soviético.
Então,
veio a grande crise de 2007-2008, enquanto na Rússia um novo líder,
Vladimir Putin, levava o maior país do mundo a recuperar sua identidade
espiritual, uma verdadeira independência nacional (econômica) e um papel
internacional.
Assim,
entre 2010-2016, a administração Obama/Clinton (com seu sistema anexo
de poder global) desenvolveu uma estratégia global pesada destinada a
isolar a nova Rússia de Putin e neutralizá-la.
Os
dois pilares geopolíticos do império Obama/Clinton eram – na Europa –
os fiéis vassalos alemãos liderados por Merkel e, no Oriente Médio, a
Arábia Saudita.
Os parafusos
Tendo
em mente eliminar primeiramente a presença russa no Mediterrâneo e no
Oriente Médio, os EUA lançaram um plano para a eliminação dos dois
regimes desta área que eram antigos aliados da Rússia, ou seja, a Líbia e
a Síria lideradas por Kadafi e Assad.
A
ideia americana era deixar a região sob a hegemonia da Arábia Saudita,
embora pareça estranho o fato de Obama ter subestimado o risco
representado pelos protagonistas da chamada Irmandade Muçulmana na dita
“Primavera Árabe”.
Até
mesmo na Europa fomos testemunhas de outros transtornos. Em 2011, o
governo italiano liderado por Berlusconi foi isolado da União Européia
franco-alemã de Merkel e Sarkozy, para cair em seguida sob ataque e se
ver forçado a renunciar. (Lembrem-se que Berlusconi era naquele tempo o
único chefe europeu de governo com o qual Putin tinha um relacionamento
cordial).
Depois
vimos a desestabilização direta da área russa com o fogo de guerra na
Ucrânia, fornecendo o pretexto ideal para a OTAN trazer toda a Europa do
Leste, até as fronteiras da Rússia, sob o seu protetorado. Chegando
mesmo ao ponto de fazer manobras militares perigosas na fronteira,
criando um clima de guerra fria.
Por
outro lado, é já de algum tempo que grande parte da mídia ocidental
está fortemente concentrada no ataque contra Putin, uma criminalização
curiosa, se considerarmos o que os americanos – com as suas “guerras
humanitárias” – estavam fazendo.
Colonização ideológica
Enquanto
isso, Obama – no seu segundo discurso de posse – lançava também uma
ofensiva ideológica que visa impor ao mundo uma nova antropologia
liberal e relativista (casamento gay, ideologia de gênero…etc).
É
um projeto global que tenta desconstruir (além da identidade sexual) a
identidade nacional, cultural e religiosa através do fenômeno da
imigração de massa.
O
próprio Secretário Geral da ONU, Ban Ki-moon, exalta a imigração como
uma nova fronteira do progresso contra a qual ninguém deve se opor. O
fenômeno então explode: entre 2010-2016 há um vertiginoso aumento nas
massas de migrantes que se dirigem para a Europa, primeiramente
atravessando a Itália e a Grécia. Nesse meio tempo, o que acontece na
Igreja? Desde 2010 nós assistimos uma pressão muito pesada, tanto
interna como externamente, contra o pontificado de Bento XVI que, em
fevereiro de 2013, “renuncia”.
Nesses últimos dias, alguns intelectuais católicos americanos pediram publicamente a Trump para abrir uma investigação para apurar – considerando alguns documentos divulgados pelo Wikileaks – se houve, entre 2012 e 2013, interferência americana para uma “mudança de regime” também no Vaticano.
Mas vamos nos ater aos fatos públicos.
Caso Bergoglio
Em
2013, foi eleito papa Bergoglio que joga para escanteio o magistério
dos papas anteriores, inconvenientes demais para a ideologia dominante
(não mais princípios inegociáveis, nem raízes cristãs da Europa, nem o
confronto viril com o Islã como no discurso de Regensburg). Bergoglio
adere então à agenda Obama: viva a imigração em massa, abraça o Islã e o
ambientalismo catastrófico. Mas, adere igualmente à agenda alemã, que
vai no sentido de uma protestantização da Igreja Católica.
Com
efeito, são dois os partidos que o elegeram: o partido progressista
liderado pelos cardeais alemães (que estavam alinhados ao cardeal
Martini e ao grupo de St. Gallen.) e o “partido da Cúria” que mal
tolerava Bento XVI e queriam retomar o controle da Igreja.
E é esse último, que apoiou todo o pontificado de Bergoglio, que hoje pretende levar ao papado o atual secretário de Estado Pietro Parolin.
A
motivação adotada é aquela de “recosturar” a Igreja para evitar um
racha trágico. Há certamente uma preocupação séria por causa da confusão
e da dissolução de hoje. Mas, muitos acreditam que a bússola deste
partido foi sempre o poder eclesiástico, que hoje se encontra limitado
pela “cúria paralela” criada na Casa Santa Marta.
Eles
confiam no fato de que o próprio Bergoglio já havia falado no passado
sobre uma sua possível renúncia e que em 2015 disse: “para
todos os serviços na Igreja é conveniente que haja um prazo de
expiração, não existem líderes vitalícios na vida da Igreja. Isso só
acontece em alguns países onde existe ditadura“.
Portanto, estaria Bergoglio pronto a renunciar? Provavelmente eles estão enganando a si mesmos.
Antonio Socci
Do “Libero”, 28 de fevereiro de 2017
Extraído de: https://fratresinunum.com/2017/03/02/explosivo-antonio-socci-cardeais-que-elegeram-francisco-querem-convence-lo-a-renunciar/
0 comentários:
Postar um comentário