Fazer do curandeirismo, do ensino do pajé, a sabedoria inspiradora da nova Igreja, identificada gnosticamente com a natureza? A Sabedoria eterna e encarnada, Nosso Senhor Jesus Cristo, assim fica proscrita!
Em Puerto Maldonado, Peru (janeiro de 2018), o Papa
Francisco celebrou o que ele qualificou de primeira sessão do Sínodo
Pan-Amazônico.
A
jornalista holandesa Jeanne Smits ficou estarrecida quando tomou conhecimento
do documento preparatório do Sínodo
especial sobre a Amazônia.
Esse
será realizado em outubro de 2019,
em Roma, reunindo os bispos da “Pan-Amazônia” – portanto, dos nove países que
dividem a soberania sobre essa imensa região geográfica.
Jeanne
está acostumada a ler os documentos comuno-católicos mais radicais, dos quais,
aliás, não comparte nem os pressupostos nem os fins.
Porém,
o que se está preparando em ambientes católicos “progressistas” para a Amazônia
superou todos os erros e horrores filosóficos e morais que já viu, escreve
pormenorizadamente em seu site.
A nota
dominante, segundo ela, é seu “caráter horizontal”, quer dizer, seu
igualitarismo extremado. Pois não é a mera igualdade niveladora da sociologia
marxista que, infelizmente, desabrocha em tantos documentos eclesiásticos de
nova data.
Trata-se
de um igualitarismo materialista e evolucionista ecológico – e nisto nos
adiantamos na apresentação – que nivela radicalmente todos os seres.
O homem
fica no nível do animal, da planta, do minério, a ponto de desaparecer num
magma erigido em divindade: a “Mãe Terra”, a “Pachamama”, “Gaia” ou qualquer
outro nome usado nas utopias panteístas, pagãs ou ecologistas.
O
Sínodo especial, segundo aponta o Documento Preparatório do Sínodo dos Bispos
para a Assembleia Especial para a Pan-Amazônia [outubro de 2019], visa a
“conversão pastoral e ecológica” para essa nova pan-religiosidade.
Segundo
ele, não se trataria mais de levar o Evangelho aos pobres povos indígenas, como
fizeram heroicos – e quantos santos e mártires! – missionários durante séculos.
Pelo
contrário, a “melhor maneira de contribuir à salvação e à redenção (sic!) dos
povos autóctones da bacia pan-amazônica” é a Igreja “conscientizá-los” do
ambientalismo esotérico, da luta pela biodiversidade e do valor sagrado de suas
primitivas “cosmovisões” e espiritualidades supersticiosas.
Smits
discerne, “navegando sem cessar” nessas páginas do Vaticano, o mito iluminista
e anticristão do bom selvagem de Jean-Jacques Rousseau!
Mas não
é só isso. O documento transuda uma permanente denúncia da evangelização dos
séculos passados, ainda viva em sacrificados e isolados missionários do
presente.
A
evangelização tradicional foi acompanhada da natural e indispensável
civilização, levada a cabo por religiosos portugueses e espanhóis, em sua
maioria, à custa de ingentes esforços que lhes consumiram por vezes a própria
vida.
O fato
pasmoso é essa meritória obra ser apresentada como um funesto prelúdio da
globalização neoliberal, filha dos piores defeitos do capitalismo, inoculada
facinorosamente pela Igreja e que agora se trataria de reparar.
Em suma,
jogar novamente os índios no primitivismo.
Mas o
Documento Preparatório analisado por Jeanne Smits propõe como corolário jogar a
nós, homens “viciados” pela Civilização Cristã ordeira, sacral e
anti-igualitária, num mesmo abismo tribal atribuído aos índios, mas arquitetado
em ambientes teológicos europeus.
Jeanne
diz que foi preciso descodificar o substrato teológico do documento, pois ele
está habilmente redigido para a compreensão dos iniciados e para despiste dos
ingênuos.
Mas o
resultado é incontestável: trata-se de instalar, em nome do catolicismo e de
uma “teologia índia”, os rudimentos pagãos dos povos nativos da floresta
amazônica, apagando a milenar mensagem cristã tal como nós a conhecemos.
“Esse
olhar especifico sobre Deus e a natureza conduz a uma forma de imanentismo”,
explica Jeanne.
A
divindade não está fora de nós – no Céu, no Criador soberano de todas as coisas
–, mas palpita na matéria, na floresta, no cosmos, como dizem, de maneira mais
ou menos explícita, o Documento Preparatório e a encíclica verde de Francisco
“Laudato si”, salpicada de ensinamentos de místicos pagãos.
Fazer
do curandeirismo, do ensino do pajé, a sabedoria inspiradora da nova Igreja,
identificada gnosticamente com a natureza? A Sabedoria eterna e encarnada, Nosso
Senhor Jesus Cristo, assim fica proscrita!
E a
advertência da Escritura “todos os deuses dos gentios são demônios” (Sl 95,5) é
calcada aos pés.
A
extensão da análise e a riqueza de dados reveladores da revolução
comuno-progressista contidos no referido Documento Preparatório nos levam a
prosseguir o tema em próximos posts.
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Continua
no próximo post: Igreja ecológica
amazônica dispensa a Redenção. Catequização e civilização são os únicos pecados
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Continua
no próximo post: O materialismo da
Igreja ecológica amazônica deixa Karl Marx atrás
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Continua
no próximo post: Por trás da utopia
pan-amazônica: luta de classes planetária, ruptura com a Igreja e danos
ingentes aos índios
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Continua
no próximo post: Liturgia esotérica
cósmica para cultuar a divindade dos abismos da “Mãe Terra”
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Continua
no próximo post: Convite a uma revolução
de fundo comunista e de espírito supersticioso abismal
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A
conclusão se impõe para a jornalista holandesa e está escrita com clareza, não
obstante o linguajar enganoso:
“Trata-se
de 'construir uma Igreja com rosto amazônico' inspirada nas superstições mais ou
menos diabólicas dos indígenas, mudando os ministérios, a liturgia e a teologia
(Teologia Índia)” (nº 82, id. ibid).
A nova
frente de ataque – continua Smits –, aberta pelo Papa Francisco, apresenta-se
como uma Revolução planetária baseada na inversão do que a Igreja Católica
sempre foi e nunca deixará de ser.
Smits
conclui que o Sínodo panamazônico poderá ser mais danoso à Igreja e à
humanidade do que o Sínodo da Família segundo a versão da polêmica exortação
Amoris laetitia.
O Sínodo Pan-Amazônico acontecerá em outubro de 2019.
Até lá,
passamos por um Sínodo ordinário sobre os jovens que, como o da família, trouxe
abalos à estrutura tradicional da Igreja e deixou o campo trabalhado para a
visão ecologista-tribalista do Documento Preparatório.
FIM
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