Science 10 Apr 2016
Zika
reduz em 40% o desenvolvimento cerebral, segundo estudo brasileiro
Cientistas infectaram minicérebros e neuroesferas com
vírus da zika.
Já o vírus da dengue não teve esse mesmo impacto,
segundo experimento.
Imagem de microscopia mostra partículas de zika vírus
(as bolinhas laranjas) ao redor de uma neuroesfera de células humanas. Crédito:
Rodrigo Madeiro/IDOR
Para
avaliar os possíveis efeitos do vírus da zika no cérebro humano, os
pesquisadores usaram dois modelos diferentes: os chamados "minicérebros" - estruturas de
neurônios que imitam o funcionamento de um cérebro humano, também chamados de
organoides cerebrais - e as chamadas "neurosferas"
- agrupamento de células-tronco neurais.
Segundo
os cientistas, tratam-se de modelos complementares para estudar, no
laboratório, o desenvolvimento do cérebro humano em fase embrionária. Enquanto
as neuroesferas simulam características bem iniciais da neurogênese (processo
de formação de neurônios), os minicérebros simulam os processos celulares e
moleculares que ocorrem no cérebro durante o primeiro trimestre do feto.
Nos
experimentos realizados, o vírus da zika fez com que as neuroesferas se desenvolvessem
com várias anomalias. Além disso, poucas neuroesferas sobreviveram ao fim de
seis dias, enquanto centenas se mantiveram no grupo controle, sem a presença do
vírus.
Quanto
aos minicérebros, o vírus reduziu em 40% a área média de crescimento dos
organoides em comparação àqueles que não foram expostos ao zika. Os cientistas
mediram a taxa de crescimento de 12 minicérebros.
Experimentos
similares feitos com o vírus da dengue do tipo 2 revelaram que ele não tem o
mesmo efeito nocivo sobre as células cerebrais. Neuroesferas expostas à dengue
não apresentaram diferença em relação àquelas que não foram expostas. Além
disso, não houve redução da taxa de crescimento dos minicérebros infectados com
dengue.
Isso
demonstra, segundo os cientistas, que o impacto da zika no cérebro humano não
se repete em outros vírus da mesma família.
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TAMBÉM:
Estudo
dos EUA conclui que vírus da zika causa mesmo microcefalia
Um
estudo produzido pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na
sigla em inglês), principal instituição de pesquisa de saúde do governo
americano, e publicado no "New England Journal of Medicine" nesta
quarta-feira (13), conclui que o vírus da zika de fato causa microcefalia e
outras anomalias cerebrais graves.
É o
primeiro estudo em publicação de grande relevância que afirma categoricamente
que existe essa relação.
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